Este ano, o Comitê do Nobel decidiu conceder o prêmio da paz à principal voz de oposição e denúncia à ditadura na Venezuela: María Corina Ma...
Este ano, o Comitê do Nobel decidiu conceder o prêmio da paz à principal voz de oposição e denúncia à ditadura na Venezuela: María Corina Machado. A escolha anunciada nesta sexta-feira (10) despertou ainda mais o interesse mundial pela trajetória da líder venezuelana, conhecida por sua atuação política firme em defesa da democracia de seu país. A seguir, conheça os principais marcos de sua história.
María Corina Machado nasceu em 1967, em Caracas, em uma família tradicional da elite venezuelana ligada à indústria siderúrgica. Graças às boas condições financeiras, teve acesso a uma educação de prestígio e formou-se em Engenharia Industrial pela Universidade Católica Andrés Bello em 1989. Mais tarde, especializou-se em Finanças pelo Instituto de Estudos Superiores de Administração e em Políticas Públicas pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Antes de ingressar na vida pública, Corina trabalhou no setor privado, algo que influenciou em sua visão liberal da economia, um dos pilares de sua proposta para o país.
Em 1992, ela criou a Fundação Atenea, focada em acolher e educar crianças em situação de rua na capital. Já em 2002, fundou também a organização Súmate, com o objetivo de fiscalizar as eleições, treinar observadores eleitorais e promover o voto livre no país. A Súmate foi fundamental para organizar a coleta de assinaturas para o referendo de 2014 contra Hugo Chávez, o que voltou os holofotes políticos para Corina como figura importante de oposição.
Em 2010, ela foi eleita deputada mais votada da Assembleia Nacional, pelo estado de Miranda. Sua atuação contra o abuso de poder e a corrupção governamental despertaram ainda mais a insatisfação do regime chavista, e em 2014 ela teve seu mandato cassado, sob acusação de conspiração por ter participado de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) e por liderar protestos conta o governo.
Apesar da repressão e ameaças, Corina permaneceu na Venezuela, dedicando-se a liderar o partido Vente Venezuela, co-fundado por ela em 2012. Em outubro de 2023, venceu as eleições primárias da oposição com mais de 90% dos votos e foi escolhida para enfrentar Nicolás Maduro nas eleições de 2024.
No entanto, ela foi impedida de concorrer pela Justiça venezuelana – controlada pelo regime chavista – em junho de 2023, tendo sido desqualificada para concorrer a cargos públicos por 15 anos. Corina decidiu então apoiar a candidatura da filósofa Corina Yoris, que também acabou tendo sua inscrição barrada pelo governo venezuelano.
Por fim, a líder da oposição usou seu poder de mobilização para unir os contrários a Maduro em torno da candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia. A oposição afirma que Urrutia é o verdadeiro vencedor das eleições de 2024, com base em uma contagem paralela das atas eleitorais, obtidas por seus voluntários fiscais em grande parte das mesas de votação. Segundo a contagem, Urrutia teve cerca de 67% a 70% dos votos, contra 30% de Nicolás Maduro.
Por outro lado, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro, declarou a vitória de Maduro por 51,2% dos votos contra 44% de González Urrutia. O órgão nunca chegou a publicar as atas que comprovariam o suposto resultado.
Por outro lado, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro, declarou a vitória de Maduro por 51,2% dos votos contra 44% de González Urrutia. O órgão nunca chegou a publicar as atas que comprovariam o suposto resultado.
Discreta em relação à sua vida pessoal, Corina foi casada de 1990 a 2001 com o empresário Ricardo Sosa Branger, com quem teve os filhos Ana Corina, Ricardo e Henrique. Os três moram no exterior por questões de segurança.
– Tirei meus filhos daqui anos atrás, porque comecei a receber ameaças de morte. Sinto culpa por não poder estar presente na vida deles. É como se estivesse falhando como mãe. Mas sair daqui não dá. Num momento como este, não posso deixar para trás a luta pela democracia – declarou ela, em entrevista à revista Veja no último ano.
Corina foi escolhida vencedora do Prêmio Nobel da Paz “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”. Ela foi elogiada por ser uma “figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida – uma oposição que encontrou um ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo”.
Por: Pleno.News