Fátima Bernardes diz por que sugeriu a troca da TV Globinho pelo Encontro na TV Globo - Notícias de Brasília

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Fátima Bernardes diz por que sugeriu a troca da TV Globinho pelo Encontro na TV Globo

  Além de admitir o receio de assumir o comando do "The Voice", a apresentadora Fátima Bernardes, de 59 anos, relatou em sua parti...

 


Além de admitir o receio de assumir o comando do "The Voice", a apresentadora Fátima Bernardes, de 59 anos, relatou em sua participação no "Roda Viva" (TV Cultura) como fez o estudo de grade da TV Globo há dez anos e chegou a conclusão - e convenceu a emissora carioca - de colocar o "Encontro" no lugar da "TV Globinho".

"Eu tava com vontade de fazer alguma coisa diferente, queria ter um programa, e comecei a olhar a grade da Globo. Tinha "Globo Rural", jornal local, "Bom Dia Brasil", Ana Maria Braga [Mais Você], de repente, desenho, jornal local, "Globo Esporte" e "Jornal Hoje". Falei: "gente, esse desenho tá perdido nesse meio". Como é que a criança vai ter um sino que vai tocar: 'pessoal, 10h30, vai começar o desenho na Globo'.

Algumas emissoras já tinham feito [a opção] por sair do desenho. O SBT optou em permanecer, mas desde às 7h da manhã. Falei: 'esse negócio não tá bom, não. Tem um espaço aí que dá pra encaixar'", explicou ela.


"E comecei a ouvir que a própria TV estava com uma certa estranheza em relação a aquele horário ali. Um horário que você não anuncia e sugeri. Falei: 'vou sugerir um programa para esse horário'", disse Bernardes.

A apresentadora contou que levou ao alto escalão da Globo uma proposta de programa que desse continuidade a linha de conteúdo de jornalismo e entretenimento para prender o público nas manhãs da emissora.


"[Ideia era um programa] que vinha da Ana Maria, que é entretenimento e que a gente possa levar para entregar para o jornalismo local. Então, era um programa que surgiu assim, eu pensei nesse horário e apresentei a ideia para esse horário", explicou.


Questionada se havia estranhado em deixar o "Encontro" após dez anos, a jornalista afirmou se sentir feliz por ver uma ideia dela seguir viva mesmo sem sua presença.

"Não, eu acho que é mais ou menos como estou vendo o meu filho construir uma carreira fora. Você fica orgulhosa de saber. Deixei um programa que tinha o meu nome. se esse programa continuar como está continuando, imagina que legal eu ter criado um formato, né? Os músicos falavam muito isso pra mim: 'poxa, é música todo dia'. Qual é o programa que tinha música todo dia? Nenhum programa", refletiu.


'PÚBLICO NÃO ESTAVA ALI'
Ao longo dos dez anos do "Encontro, Fátima Bernardes ouviu questionamentos sobre o fim da "TV Globinho - que era diário até 2012 e permaneceu semanal até 2015 - e explicou que o público da atração já não estava presente quando fez um estudo da grade da TV Globo

"Quando sugeri o horário da TV Globinho foi porque eu fiz uma análise da manhã da Globo. A gente começava com o telejornal local, para adulto, o telejornal de rede, 'Bom Dia Brasil', para adulto, o 'Mais Você', para adulto, o programa de saúde, 'Bem-Estar', para adulto. Onde você acha que estavam as crianças até essa hora? Não estavam ali né?", disse a apresentadora, em entrevista coletiva durante a "Press Award", premiação realizada nos EUA, em 2018.


"A programação infantil, com o grande número de TV a cabo, gadgets, tablets, foi ficando muito enfraquecida. Achava que existia um buraco que poderia ser preenchido por uma programação adulta", concluiu Fátima

PROIBIÇÃO
Quando Fátima Bernardes destacou que a "TV Globinho" não tinha espaço gerar lucro com anúncios, ela cita a resolução nº 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) aprovada em 2014: é proibida a veiculação de propagandas direcionadas ao público infantil em todos os meios de comunicação.


Com isso, manter anúncios publicitários em um programa de TV voltado para crianças renderia punições às emissoras.
Os canais não correm este risco mantendo a veiculação de propagandas durante o "Mais Você" e o "Encontro", por exemplo, por não se tratarem de atrações voltadas ao público infantil.


Em nota enviada a reportagem, a ABRAL (Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens) afirma que a resolução do Conanda, que é um órgão consultivo, não proíbe publicidade infantil porque não é uma lei, mas vem sendo interpretada como tal, "o que gerou um declínio impressionante na veiculação da produção de conteúdos infantis em programas na TV aberta".