“Todo mundo da fazenda fez uma grande festa para poder chamar o Boi Bumba”. Foi com essas palavras que o policial civil Francisco Marques Pa...
“Todo mundo da fazenda fez uma grande festa para poder chamar o Boi Bumba”. Foi com essas palavras que o policial civil Francisco Marques Pacheco iniciou uma historinha, a fim de acalmar um grupo de crianças dentro de uma casa durante a operação no Jacarezinho desta quinta-feira (6).
Os agentes se encontravam na residência a fim de se abrigar. No momento em que Pacheco compartilhava um pouco sobre o folclore brasileiro com os pequenos, ele ainda não sabia da morte do seu colega, inspetor André Frias, baleado na cabeça.
– A gente sabia que alguns colegas estavam feridos, mas sem gravidade. Ali é um momento muito sensível. Eram crianças que não sabiam o que estava acontecendo naquele momento. Apesar de morarem numa comunidade, ainda não conseguem entender toda a realidade daquele lugar – disse ele em entrevista ao jornal O Dia.
Há mais de 10 anos na corporação, Pacheco faz parte da equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e é instrutor de cursos táticos. Ele é pai de um jovem de 18 anos, e diz que a história que contou para as crianças é a mesma que contava para o filho anos atrás.
– Ali foi um momento em que não pensei apenas naquelas crianças. Eu pensei no meu filho. Todo policial quer retornar em segurança e chegar em casa para contar a história do folclore para os filhos. Também somos pais e pensamos no bem estar dos nossos filhos.
O investigador lamenta a falta de acesso à cultura em comunidades mais vulneráveis.
– Infelizmente nem todos conseguem acesso à cultura. Você chega numa operação e encontra com essas crianças vivendo em situação de vulnerabilidade. Você vai na comunidade para proteger as crianças, mas essas crianças se sentem ainda mais desprotegidas por conta dos tiros, mas o nosso papel é de trazer proteção.
OPERAÇÃO EXCEPTIS
Considerada a operação mais letal da história do estado fluminense, a Exceptis deixou dezenas de feridos e 25 pessoas mortas, entre eles um policial e 24 suspeitos. Dez pessoas foram presas. A polícia também apreendeu armas, granadas, uma munição de míssil, além de drogas e plantação de maconha.
Coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a incursão da Polícia Civil objetivava cumprir mandados de prisão contra traficantes que estariam aliciando menores, e atuando no sequestro de trens da SuperVia pela maior facção do tráfico no estado, o Comando Vermelho.
Por: Pleno news